04 junho 2006

As vazantes das margens do Rio



Se o Egito é uma dádiva do Nilo, eu não chego a dizer que São João é uma dádiva do Rio Jaguaribe, mas afirmo que São João recebe dádivas desse Rio. A cheia no inverno, que gera desabrigados e causa inúmeros transtornos a população, é a mesma que torna a areia fértil, onde sua margem se torna a fonte de subsistência de muitas famílias, nelas se estendem plantações de feijão e melancia.
Um verdadeiro exercício era correr por essas plantações, várias "covas" juntas uma da outra, não poderíamos pisar nos brotos que nasciam, tínhamos que desviar para não causar prejuízo ao dono da "vazante", ali estava, muitas das vezes, a fonte de seus rendimentos, da sua sobrevivência, mas menino não pensa muito nisso, queria mesmo era pular, se desviar dos buracos. Na verdade, onde antes poderia estar a areia numa paisagem desértica, infértil, estava o verde, a vida. E eu,menino, pulava, saltava, na areia, no verde, no Rio.

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