26 novembro 2005

Futebol na areia do Rio


Damião, Raimundo Nonato, Cláudio de Eni, Eu, Charles, Roni, a galera da Vila São Vicente e uma outra que vinha da Bela Vista, os filhos ou acompanhantes das lendárias lavadeiras do Rio Jaguaribe, o plantel tava formado, menino não faltava, briga também, mas todos estavam ali, na areia do Rio, em torno de algo comum, a bola. Que menino naquela cidade nunca jogou nas escaldantes areias do Rio Jaguaribe? Somente os que não tinham aptidão mesmo, e até esses se arriscavam. Na verdade tudo era propício, uma verdadeira arena para descarregar as energias da molecada, espaço suficiente, água a vontade para refrescar do calor, e a já nascente paixão pelo futebol, inspirados por Zico, Maradona e Cia.
A melhor bola para jogar nas areia era a “dente de leite”, era mais pesada e o vento resistia mais ao vento, mas também ardia que era uma beleza, levar uma bolada era vermelhidão na área por três dias, mas fazia parte do jogo. As traves eram forquilhas enterradas na areia, e o campo não tinha o rigor de um retângulo perfeito, mas rapidinho a meninada delimitava o teatro de operações arrastando os pés, marcando assim as laterais. Ali não foi somente as melhores partidas da minha vida, mas foi o melhor de uma parte de minha vida, nem imaginava que aqueles momentos iam ficam marcados para sempre.
O time se desfez, aqueles que ali jogavam e se banhavam, hoje estão em diferentes campos, jogando o jogo da vida, e daquele tempo bom, guardo nas areias da lembrança, mergulhado no cantinho do passado, essa doce recordação e a satisfação de ter vivido, suado, corrido às margens do Jaguaribe.

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